Segundo Valdirlei Castagna, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS, a maior preocupação da classe ao longo da pandemia é contrair o vírus e contaminar entes queridos. O foco agora é a luta pela aprovação do piso salarial nacional para profissionais da Enfermagem.
Após muita pressão, os profissionais da saúde brasileiros, uma das categorias profissionais mais afetadas pela pandemia de Covid-19, conquistaram uma importante vitória no último 24 de setembro: sua inclusão, pelo Ministério da Saúde do Brasil, na lista de prioridades para receber a dose de reforço da vacina contra o coronavírus.
Considerada fundamental para o aumento da imunidade de grupos mais vulneráveis e/ou mais expostos ao vírus segundo os mais sérios estudos científicos, a terceira dose do imunizante já vinha sendo aplicada em pessoas idosas. A inclusão das trabalhadoras e trabalhadores da saúde era uma demanda do setor, e um pedido oficial ao Ministério havia sido feito em 16 de setembro pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS, organização filiada à Internacional de Serviços Públicos (ISP).
Segundo Valdirlei Castagna, presidente da CNTS, a solicitação foi realizada em razão da exposição diária desses profissionais ao coronavírus. “Como se sabe, os profissionais expostos podem se tornar vetores do vírus, e proteger esses trabalhadores também é uma forma de controlar a disseminação”, explica.
Ele espera que a população perceba a importância dessa medida. “Não se busca tratamento diferenciado, buscamos é proteção e segurança de quem está diuturnamente trabalhando para salvar vidas.
Desde a aprovação da dose de reforço a profissionais da saúde pelo Ministério da Saúde, municípios e unidades da federação vêm anunciando e/ou iniciando a imunização da categoria. É o caso, por exemplo, do Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Estado de São Paulo, Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Manaus (AM) e Recife (PE), entre outros.
Impacto da pandemia na categoria – O presidente da CNTS comenta que a maior preocupação da classe ao longo da pandemia é contrair o vírus e contaminar entes queridos. Junto com isso, os trabalhadores da saúde foram afetados por estresse mental bastante elevado por causa da sobrecarga de trabalho, baixos salários e falta de equipamentos de proteção de qualidade. “Chegamos a algumas situações em que os trabalhadores solicitaram a rescisão de contrato de trabalho. O medo ainda persiste, contudo, as pessoas estão mais acostumadas”, conta.
A pesquisa realizada pela ISP e suas filiadas brasileiras, no âmbito da campanha “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas”, vai ao encontro desse panorama traçado por Castagna, para quem os dados levantados “serviram de apoio às entidades sindicais para iniciativas adotadas, sejam na área administrativa ou mesmo para iniciativas judiciais e denúncias junto ao Ministério Público do Trabalho”.
Lutas para além da pandemia – Mas a luta da CNTS não se resume ao contexto da pandemia. Há anos, essa organização vem tentando negociar a criação de um piso salarial para trabalhadoras e trabalhadores da Enfermagem, assim como a limitação em 30 horas semanais da jornada de trabalho dessas e desses profissionais. Mas, segundo Castagna, os empregadores do setor privado não dão espaço para conversa. Em 2020, o senador Fabiano Contarato (REDE/ES) apresentou o Projeto de Lei 2564, que dá conta dessas reivindicações. Agora, a pressão é por sua aprovação no Congresso.
“Boa parte da categoria entende que é preciso encontrar um valor que signifique avanço nas condições atuais praticadas no Brasil, como forma de possibilitar a aprovação do piso salarial e do limite de 30 horas para a jornada de trabalho. A categoria está esperando que o Senado inclua imediatamente o PL na pauta de votação”, afirma o presidente da CNTS.
Em relação às revelações de que a operadora de planos de saúde Prevent Senior fez o uso do chamado “kit covid” sem autorização dos pacientes ou seus familiares, e obrigou funcionários a prescrever tais medicamentos, Castagna aconselha os trabalhadores e trabalhadoras a buscarem apoio junto às entidades de classe, pois elas estão preparadas para todo apoio necessário. “Temos orientado que os profissionais não se submetam às pressões dessa natureza”, diz.