Entre os envolvidos no esquema estão Ricardo Barros, deputado e líder de do governo na Câmara, e o ex-diretor do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias.
A CPI da Covid está investigando uma denúncia de possíveis pagamentos irregulares de até R$ 296 mil a políticos e servidores ligados ao Ministério da Saúde, conforme apuração do UOL.
De acordo com as primeiras informações, o suposto esquema teve início em 2018 com previsão para durar cinco anos. A denúncia, que foi revelada por uma ex-servidora da pasta, ainda expõe que o acordo foi feito em reunião de senadores independentes e da oposição em 6 de julho, na casa de Omar Aziz (PSD-AM).
Um dos possíveis beneficiados seria o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro e atual líder do governo na Câmara. Outro beneficiário da propina também estaria o ex-diretor de logística da Saúde Roberto Ferreira Dias, preso por mentir em depoimento à CPI. Dias teria recebido R$ 99 mil mensais, enquanto esteve trabalhando na pasta.
Entenda o caso – Até 2018, o Ministério da Saúde tinha como distribuição de vacinas e outros insumos sob a responsabilidade da Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos – Cenadi. Com isso, o órgão que existiu por 20 anos ficava no comando da logística pelo governo federal.
No entanto, a Cenadi deixou de existir durante a gestão de Barros na pasta. O órgão foi sucedido pela VTC Operadora Logística Ltda, conhecida como VTCLog.
Com a entrada da VTCLog no Ministério da Saúde, o esquema de propina teria começado a funcionar prevendo distribuição de propina mensal pelos cinco anos seguintes. Ao todo, as suspeitas indicam que os desvios poderiam chegar a R$ 59,2 milhões, cerca de 10% do contrato assinado com a empresa.
Ao UOL, um parlamentar que integra a CPI disse que testemunhas disseram aos senadores que a “operadora logística” contratada durante a gestão Barros seria um meio para desviar recursos do Ministério da Saúde, inclusive durante a pandemia do novo coronavírus.
O que diz Barros? – O atual líder do governo na Câmara nega que tenha cometido irregularidades ou recebido recursos financeiros da VTCLog de forma direta ou indireta, além de refutar qualquer ligação com a empresa.
O deputado e ex-ministro acrescentou que, em sua gestão, tentou contratar os Correios por meio de dispensa de licitação, mas que foi impedido pelo Tribunal de Contas da União – TCU, que exigiu o procedimento licitatório.
Sobre a extinção do Cenadi, Barros explicou que a mudança foi feita com base em um estudo para diminuição de custos. “Segundo estudo feito na época pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, a centralização reduziria em 20% os gastos de logística”, afirmou o deputado.
Procurada pelo UOL, a VTCLog afirmou que não praticou “nenhum ato ilícito” e que, “até agora”, não recebeu “pelos serviços prestados”. “Nunca houve pedido de propina de ninguém do ministério à VTCLog”, disse a empresa em comunicado.