Pesquisa aponta que percepção negativa sobre o presidente aumentou em vários quesitos. Maior parte dos entrevistados também o considera despreparado, indeciso, falso e autoritário.
Além de apontar que a reprovação ao governo Jair Bolsonaro atingiu a marca recorde de 51%, uma pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 8, indicou que a maioria dos brasileiros considera o presidente desonesto, incompetente, despreparado, indeciso, falso e autoritário. Segundo o Datafolha, a pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 8 de julho e já mede o impacto dos supostos casos de corrupção que vêm pressionando o governo, entre eles compras suspeitas de vacinas, que levaram à abertura de um inquérito para investigar Bolsonaro por prevaricação.
Enquanto há um ano, em junho de 2020, a maioria (48%) considerava o presidente honesto, agora a maior parte (52%) o vê como desonesto, 12 pontos percentuais a mais do que em meados do ano passado. Ao mesmo tempo, a parcela dos que enxergam a conduta de Bolsonaro como honesta caiu de 48% para 38%.
A percepção em relação à competência do mandatário também pirou desde junho de 2020, com a parcela que acha que ele é incompetente saltando de 52% para 58%. Os que o veem como competente caíram de 44% para 36%.
Além disso, aumentou a parcela dos que consideram Bolsonaro despreparado (62%, contra 58% em junho de 2020); indeciso (57%, contra 53% junho de 2020); falso (55%, contra 46% em junho de 2020); e autoritário (66%, contra 64% em junho de 2020).
Ainda segundo o levantamento, a maioria (66%) considera que o presidente respeita mais os ricos que os pobres e é pouco inteligente (57%), ante 58% e 54% em junho de 2020, respectivamente. O Datafolha ouviu 2.074 pessoas acima de 16 anos em 146 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
Cobrado pela CPI, Bolsonaro se nega a explicar denúncias – A aprovação ao governo está em queda desde o início de dezembro do ano passado, quando alcançou o maior patamar – 37%. A satisfação com a gestão de Bolsonaro passou a cair com o agravamento da epidemia de Covid-19 no país, o colapso do sistema hospitalar em diversos estados e a lentidão da campanha de vacinação.
A gestão de Bolsonaro na pandemia é atualmente alvo de uma CPI no Senado, que investiga possíveis ações e omissões do governo federal no combate à Covid-19. Desde o registro dos primeiros casos no país, o presidente vem negando a gravidade da doença, que já deixou mais de 528 mil mortos, e ignorando medidas sanitárias reconhecidas cientifica e internacionalmente como necessárias para conter a propagação do coronavírus.
Os senadores entregaram na quinta-feira, na Presidência da República, um ofício para que Bolsonaro cobrando dele que se manifeste sobre as denúncias apresentadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF). Em depoimento à CPI, há duas semanas, Miranda disse ter avisado Bolsonaro, em 20 de março, de um esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin. Na ocasião, o deputado também afirmou que o presidente atribuiu as irregularidades a um “rolo” do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).
Na carta, os senadores Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI; Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente; e Renan Calheiros (MDB-AL), relator, dizem ter tomado a iniciativa de pedir ao chefe do Executivo, “de maneira formal”, que se manifeste sobre as “graves acusações” porque, após 13 dias das declarações de Miranda, impera o silêncio no Palácio do Planalto.
Instado por carta oficial pela CPI, o presidente reagiu de maneira agressiva e vulgar ao pedido de esclarecimentos enviado pela cúpula da CPI sobre o tema. “Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada!”, disse Bolsonaro durante sua live semanal.
O colunista do UOL, Josias de Souza, afirma que com a reação, Bolsonaro leva os glúteos para a vitrine. “O presidente está nu. Oferece aos brasileiros o pior tipo de nudez. A nudez que ninguém pediu, que ninguém quer ver. Uma nudez que, infelizmente, tornou-se corriqueira. Já não causa espanto. Provoca desânimo”.