Doses da vacina contra a Covid-19 da Janssen, doadas pelos Estados Unidos, chegaram ao Brasil no sábado e ainda estão paradas no Aeroporto de Viracopos.
O governo Bolsonaro ainda não distribuiu as 3 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório Janssen. Apesar de terem chegado na sexta-feira, 25, e no sábado, 26, as remessas das unidades, doadas pelos Estados Unidos, estão paradas em um depósito no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), e ainda não têm data para serem distribuídas aos municípios para aplicação na população.
Em nota, o Ministério da Saúde culpou a demora de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e disse que espera liberar a vacinas em até 48 horas. A situação foi denunciada na quarta-feira, 30, pela coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunização de São Paulo, Regiane de Paula, em entrevista coletiva. “Nós temos pressa, nós temos urgência. E a nossa urgência é trabalhar 24 horas por dia, incluindo os finais de semana se necessário for”, disse.
Em nota, a Anvisa afirma que o lote de 2.052.350 doses ainda não foi liberado porque o fiel depositário da carga, o Ministério da Saúde, ainda não entregou a documentação necessária. A Agência disse ainda ter desembarcado as vacinas, que chegaram na sexta e no sábado, com prioridade.
A falta de distribuição foi criticada hoje pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O Estado deve receber 678 mil doses da vacina da Janssen. “O governo do Estado de São Paulo solicita ao Ministério da Saúde a imediata liberação de 3 milhões de doses da Janssen que estão estocadas no depósito do Ministério da Saúde desde 25 de junho. Falo em nome de todos os governadores”, disse Doria.
O Ministério da Saúde afirmou que aguardava a liberação das doses pela Anvisa para distribuir aos Estados. A Anvisa rebateu e disse que o Ministério não apresentou a documentação necessária para liberar os imunizantes.
As três milhões de doses chegaram em dois lotes, na sexta-feira (2,05 milhões de vacinas) e no sábado (942 mil). No fim da tarde da quarta-feira, 30, a Anvisa afirmou que o Ministério entregou apenas a documentação referente à menor carga, de 942 mil vacinas. Com isso, a Agência liberou esse lote para a distribuição. O Ministério, no entanto, não tinha apresentado os documentos relativos ao maior lote, que chegou ao país há cinco dias.
Após a publicação de reportagens mostrando a falta de distribuição das vacinas doadas, ontem, 30, a Anvisa disse ter recebido do Ministério toda a documentação.
A vacina – A vacina da Janssen contra a Covid-19 é de dose única. Ou seja, cada dose representa uma pessoa diretamente imunizada. O imunizante tem eficácia de 67% contra doença sintomática e de 85,4% para casos graves.
Algumas cidades definiram utilizar a vacina da Janssen contra a Covid-19 para imunizar grupos específicos, como população em situação de rua e caminhoneiros.
A ideia é garantir que grupos com maior probabilidade de não voltar para a segunda dose sejam imunizados. A prefeitura da capital paulista informou que vai reservar aproximadamente 12% dessas doses para a população de rua com mais de 18 anos. Os governos de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Norte também determinaram esse tipo de uso.