A nota afirma que pacientes em estado grave seguem aguardando leitos de UTI, ao mesmo tempo que leitos de UTI em hospitais privados estão livres ou ocupados por pacientes que realizaram procedimentos eletivos.
Como previsto por vários epidemiologistas, a epidemia de Covid-19 está recrudescendo no Brasil, com 12 estados apresentando aumento na média de mortes. Este recrudescimento ocorre a partir de um já elevado patamar de casos, internações e óbitos. O país apresenta média móvel de sete dias de 72.192 casos novos, aproximando-se do pior cenário da pandemia, ocorrido em 27 de março de 2021, quando registrou 77.129 casos novos. Em número de óbitos, a média móvel de sete dias voltou a ultrapassar a marca de 2 mil em 18 de junho. No dia seguinte, 19, o país ultrapassou a trágica marca de 500 mil óbitos por Covid-19.
O Rio Grande do Sul, estado com a 9ª maior taxa de mortalidade no país (264/100.000 habitantes) apresenta, desde 20 de maio de 2021, gradativo aumento no quantitativo de leitos ocupados por usuários com Covid-19. Desde 29 de maio, a média móvel de sete dias de casos novos está aumentando e, a partir de 7 de junho, esse aumento de casos começou a se refletir em aumento na média móvel de sete dias de óbitos.
Vários municípios já enfrentam colapso do sistema de saúde, em especial a falta de leitos de UTI no SUS. Embora as cirurgias eletivas estejam suspensas no SUS, elas seguem ocorrendo no setor privado. Assim, observam-se pacientes em estado grave, aguardando leitos de UTI, ao mesmo tempo que leitos de UTI em hospitais privados estão livres ou ocupados por pacientes que realizaram procedimentos eletivos.
A estabilização da epidemia em patamares elevados, seguida do aumento de casos e mortes, é uma consequência da insuficiência das medidas para promover o distanciamento físico; da falta de implantação de vigilância epidemiológica adequada, com testagem em massa, rastreamento de contatos e monitoramento e isolamento de casos e contatos; e da lentidão na vacinação.
Este cenário atual no estado do Rio Grande do Sul ocorre também em outros estados do país e está levando ao colapso do sistema de saúde em várias regiões. Nesse sentido, é urgente a adoção de medidas que possam assegurar a assistência a todos os pacientes que precisam de cuidado intensivo, incluindo a interrupção dos procedimentos eletivos, tanto no setor público quanto no setor privado, e o estabelecimento de fila única para internação em UTI, com a requisição de leitos de hospitais privados sob a regulação do SUS.
Alerte-se ainda que todas as medidas de saúde pública e de proteção social, incluindo o uso de máscaras seguras, a restrição de circulação de pessoas em todo o território nacional e o auxílio emergencial de R$ 600, devem ser implementadas para diminuir a transmissão do vírus ao mesmo tempo que a vacinação deve ser agilizada para que vidas sejam salvas.
20 de junho de 2021
Frente pela Vida