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Postado em 25 de setembro de 2014 Por Em Florianópolis, Notícias E 1497 Views

Reflexões sobre as eleições e o fortalecimento dos sindicatos balizaram o XXIII Encontro da Fetessesc

O debate das eleições deste ano e o fortalecimento dos sindicatos guiaram as falas dos palestrantes do XXIII Encontro Estadual de Dirigentes Sindicais Trabalhadores em Saúde do Estado de Santa Catarina, que aconteceu nos dias 10, 11 e 12 no Recanto Champgnat, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O tema central foi “Movimento sindical: presente, passado e futuro”.

A complexidade da luta contra o neoliberalismo

Em uma apresentação didática e esclarecedora, Edgar Generoso dividiu a história do movimento sindical em três partes, tomando como referência o inimigo principal da classe trabalhadora. Na primeira fase, no início do século XX até os anos 50, os trabalhadores lutaram pela sobrevivência. “Foi nesse tempo que nasceram as ligas operárias ou associações de ajuda mútua. Cada trabalhador dava uma pequena contribuição para juntar o que seriam as “caixinhas”. Foi o primeiro passo para a organização dos trabalhadores em sindicatos.

A segunda fase, segundo ele, começa na década de 60, quando os trabalhadores tiveram que lutar contra a ditadura. A última, em que vivemos, o inimigo é complexo e, muitas vezes, identificado como aliado: o neoliberalismo.

“O individualismo, enquanto ideologia neoliberal, mina a organização dos trabalhadores.  O ‘eu’ é reforçado, e o patamar coletivo é oculto. Tudo o que é coletivo é coisa de gente que não tem o que fazer, porque o papel dos trabalhadores é baixar a cabeça e trabalhar”, argumentou Generoso.

Lembranças da história do movimento da saúde em SC

Para construir o futuro, é preciso conhecer a própria história. Por isso, o tesoureiro da Fetessesc, José Carlos dos Santos, recuperou e compartilhou o início da história do movimento sindical de Santa Catarina.

Contou um pouco sobre a criação do SindSaúde/SC,  em 1953, e seguiu para a criação da Federação, em 1978. Trouxe fotos de diversas reuniões da categorias dos últimos 36 anos, e revelou que a Fetessesc é a que mais realizou encontros dentre as federações da saúde do Brasil.

“Categoria forte precisa de dirigente forte”

André Bono, um dos assessores da Federação, palestrou na quinta-feira (11), e questionou o nível de conhecimento dos dirigentes da saúde, como a abertura de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e os processos de recisão.

“Se o patrão sentir que vocês não têm esses conhecimentos básicos, ele vai ‘patrolar’ vocês. Porque no local de trabalho, vocês [dirigentes sindicais] são a vidraça, mesmo que não façam nada”.

O advogado também tirou dúvidas sobre o e-Social, que foi tema de uma das palestras do III Encontro Jurídico da CNTS, e esclareceu confusões relacionadas aos conceitos de insalubridade e periculosidade. Os dois temas são recorrentes na categoria, principalmente entre os trabalhadores da área administrativa e das alas de psiquiatria.

 Sindicato tem que lutar para transformar sociedade

Para além das disputas exclusivas da categoria, o presidente da CUT-SC, Neudi Antonio Giachini,  enfatizou a necessidade de os sindicatos acompanharem as pautas mais amplas, e se engajarem no fortalecimento dos mecanismos de controle social e no debate das pautas mais amplas (como democracia representativa e participativa, e corrupção). “O sindicato que não faz a luta para a transformação da sociedade está fadado a negociar migalhas ”, provocou, enfatizando que as entidades não fiquem focadas apenas na negociação coletiva.

O dirigente aproveitou o espaço para avaliar as transformações da sociedade brasileira dos últimos 12 anos, e ressaltou o perigo do discurso das jornadas de junho de 2013 contra as instituições.

“O Brasil decidiu fazer as transformações por dentro do Estado. Por isso, não morreram os Collor, os Magalhães e os Bornhausen. Ninguém foi para o paredão. E é porque as mudanças estão sendo feitas dentro da ordem que devemos fortalecer as instituições, as entidades sindicais e as associações”, analisou Neudi.

Poder de compra dos trabalhadores segurou a crise

O economista do Dieese, José Álvaro Cardoso, em análise sobre as críticas dos opositores da presidente Dilma na disputa eleitoral, alertou sobre a importância da manutenção da atual política econômica para o desenvolvimento do Brasil. “Nos últimos anos, o pequeno superávit foi alcançado por conta da venda de commodities [matéria-prima como algodão, soja e petróleo]. O que segurou a crise no Brasil foi o poder de compra dos trabalhadores”, afirmou.

Ele também contrapôs a crítica empresarial de que o Brasil é um país com muitos impostos, e que isso inviabiliza maiores investimentos das empresas. “Do total de impostos pagos, 70%  vêm do bolso de quem recebe até 5 salários mínimos, já que a nossa carga tributária é regressiva”.

Por fim, ele comparou os números do Bolsa Família com a porcentagem do PIB concentrada por quem vive apenas de renda. “A gente vê trabalhadores criticando o Bolsa Família, que usa 0,44% do PIB para tirar 50 milhões de brasileiros da fome [Bolsa Família], mas não vê ninguém reclamar que apenas 22 mil famílias de rentistas levam 5% do PIB”, comparou.

A nova posição do Brasil  no mundo

O deputado federal Pedro Uczai (PT-SC) realizou a última palestra do evento, e explicou como o Brasil está inserido hoje na nova ordem mundial. “A Europa e os Estados Unidos estão de olho no nosso país”.  Entre os motivos estariam o fato de o Brasil ter o maior volume de água potável do mundo hoje, e a descoberta do pré-sal.

| Escrito por Camila Rodrigues da Silva, da assessoria de comunicação da Fetessesc

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