No Brasil, em 10 anos morreram 2.400 pessoas com câncer relacionado ao amianto. Em 15 anos, no estado de Santa Catarina, 47 trabalhadores morreram por doença causada por exposição a esse mineral. E mesmo assim ainda tem deputado estadual que não defende o fim deste material cancerígeno em nosso estado!
O amianto é um minério utilizado na fabricação de telhas, caixa d’águas, pastilhas de freios automotivas e vários outros componentes. É uma rocha muito resistente e com grande maleabilidade, não pega fogo, não se destrói e é tão forte quanto o aço, porém é altamente nociva à saúde das pessoas. Suas fibras não são destruídas e quando entram no corpo humano, pela respiração ou ingestão, ficam alojadas na pele, no pulmão e até no abdômen causando graves doenças como endurecimento do pulmão e até o câncer na faringe, no intestino e pulmão.
Além do trabalhador que tem contato direto com o material, seja na linha de extração ou fabricação, os pedreiros que trabalham com as telhas e os mecânicos que lidam com peças automotivas, todos estão sujeitos a adquirem doenças relacionadas ao amianto. Além deles, as pessoas que lavam a roupa do trabalhador e o filho que abraça o pai ou a mãe que chega de um trabalho que tem essa exposição, estão sujeitos a serem contaminados por este perigoso mineral.
No Brasil existem duas Portarias, uma do Ministério do Meio Ambiente (já que o amianto também é nocivo para a natureza) e outra do Ministério Público do Trabalho, ambos vedam a utilização de produtos que contenham amianto. Porém, cabe aos estados criar leis específicas de banimentos em seus territórios. São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais já criaram leis estaduais e o amianto está proibido nestes estados. Santa Catarina ainda luta contra o interesse econômico das empresas, para que prevaleça a vida do trabalhador.
Na Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador de Santa Catarina, realizada em junho deste ano, uma das 16 propostas para a Conferência Nacional, foi: banir de forma definitiva a utilização do amianto. De acordo com a professora Anna Julia Rodrigues, Secretaria Geral da CUT-SC, a utilização do amianto passou de ser uma questão de saúde do trabalhador, sendo uma questão de saúde pública. “O amianto mata silenciosamente centenas de trabalhadores e seus familiares, nós enquanto central vamos defender veementemente a aprovação deste projeto para o bem da classe trabalhadora e da sociedade catarinense”, ressalta Anna Julia.
Tramita na Assembleia Legislativa a quinta tentativa de Projeto de Lei que visa a proibição do uso de produtos e materiais que contenham em sua composição o amianto. Dia 05 de agosto o projeto passará por votação na Comissão de Constituição e Justiça e corre o risco de passar pela quinta rejeição, visto que a Federação das Indústrias e as empresas produtoras estão fazendo uma grande pressão com os deputados para que votem contrário ao projeto, prejudicando mais uma vez à classe trabalhadora. “Estaremos presente nesta votação para saber quem são os deputados que votam pelo adoecimento e morte do trabalhador. Lutaremos sempre para que prevaleça a vida e a saúde, ao invés do lucro das empresas”, destaca Anna Julia.
| Escrito por Silvia Medeiros, da assessoria de imprensa da CUT-SC.