Todos os seres humanos são singulares e, nas suas diferenças, têm muito a contribuir para a sociedade. Mariana de Faria, 36 anos, por exemplo, tem amor de sobra para distribuir. Laura Vitória, 5, é uma criança cheia de potencial. Contudo, elas fazem parte de uma parcela da população que precisa de oportunidades. Na semana em que a inclusão voltou às manchetes, em função do preconceito destilado pela desembargadora Marília Castro Neves contra uma professora com síndrome de Down, é também comemorado o Dia Internacional da Síndrome, adotado pela Assembleia Geral da ONU desde 2012.
A campanha deste ano, encabeçada pelo Down Syndrome International – DSI ressalta que todas as pessoas com síndrome de Down precisam de oportunidades para contribuir em suas comunidades. Dessa forma, incluídas plenamente, em igualdade de condições, conseguem exercer vidas mais valiosas. É também o que sinaliza a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ao focar nas potencialidades.
E o que deixou claro a primeira professora com síndrome de Down, Débora Seabra, ao escrever para a desembargadora Marília Castro Neves, depois que a magistrada questionou as competências da docente em uma rede social. “Eu ensino muitas coisas às crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito às outras. Aceitem as diferenças de cada uma. Ajudem a quem precisa mais”, afirmou.
É fundamental inserir as pessoas com síndrome de Down nos espaços sociais de vivência cotidiana, para que elas sejam estimuladas. O estímulo também deve ocorrer com o acompanhamento de equipe multidisciplinar desde os primeiros dias de vida. A recomendação é de que as crianças façam fisioterapia até pelo menos dois anos de idade, enquanto fonoaudiologia e terapia ocupacional devem ser mantidas até, pelo menos, o fim da infância.
Trabalho - Hoje, cada vez mais, é comum verem portadores da enfermidade ocuparem o mercado de trabalho. Lisabeth Arruda, de São Paulo, tem um filho com Síndrome de Down. Cláudio, de 32 anos, trabalha desde os 19. Há sete anos, ele é professor e instrutor de equitação na Hípica Paulista. Em entrevista à ONU News, Lisabeth diz que essa oportunidade de trabalho tem ajudado para que mais pessoas se conscientizem sobre a realidade de viver com Down.
“A cada dia nós temos a inserção maior das pessoas com deficiência intelectual na sociedade, no mercado de trabalho. E minha maior constatação é quando ouço de uma mãe que ter o Cláudio no trabalho faz com que o filho dela cresça não olhando para diferenças. E isso é fundamental para uma sociedade mais ampla, sem preconceitos e sem diferenças”, comentou.
Educação – O Brasil é campeão mundial em eventos organizados para comemorar os avanços no tema e cobrar políticas públicas inclusivas. São mais de 100 atrações em todo o país. Outro índice em que o país sai na frente é o acesso de alunos com Síndrome de Down às universidades. Levantamento mostra que, desde 2005, 58 estudantes com a síndrome já passaram por uma universidade no país.
Segundo Patrícia Almeida, cofundadora do ‘Movimento Down’, que organiza a pesquisa, há países desenvolvidos em que “pessoas com Down não chegam sequer ao Ensino Médio”. O acesso às instituições de ensino é garantido por lei no Brasil, mas ainda há muito a ser feito. “Sem dúvida, é um número para se comemorar. Algumas pessoas não chegaram a se formar, outras fizeram mais de uma faculdade, inclusive. Mas, raramente, é levado em consideração que cada aluno tem uma forma diferente de aprender. O conteúdo, em alguns momentos, precisa ser adaptado e apresentado em diferentes formatos”, explica. (Com Extra, Exame e ONU)