capa mulher e movimento sindical

Postado em 8 de março de 2017 Por Em Brasil, Destaque, noticias, Notícias, Santa Catarina, Sem categoria E 1794 Views

Mulheres sindicalistas têm atuação fundamental na luta pelos direitos dos trabalhadores

No Brasil, a maioria dos profissionais em exercício na área da saúde são mulheres. Um levantamento feito pelo pelo IBGE revelou que 73% dos funcionários que trabalham na área hospitalar são do sexo feminino. O aumento da participação das mulheres no mercado do trabalho nos últimos 40 anos vem sendo refletido na área da saúde, onde 62% da força de trabalho feminina são de nível superior, 74% de nível técnico e 4% de nível médio e elementar.

g1

A maior parcela de mulheres na saúde revela a importância da presença feminina no movimento sindical, é o que afirma a presidente do Sindsaúde de Joaçaba e Região, Antônia Fatima Gab: “É essencial essa participação, pois a mulher tem papel fundamental nos ambientes de trabalho, no caso da saúde, por exemplo, a maioria dos trabalhadores são do sexo feminino”. Como trabalhadora preocupada com os seus direitos dos seus colegas, a técnica em enfermagem, mesmo fora da diretoria do sindicato atuou por anos na luta por melhores condições de trabalho. Em 2015 Antônia foi eleita presidente do Sindicato de Joaçaba. De acordo com o  Anuário da Mulher Brasileira, pesquisa publicada pelo DIEESE em 2011, o número de sindicatos presididos por mulheres em 1992 era seis, já em 2001 o número aumentou para 10, em todo o Brasil.

Antônia Gab recebe certificado de participação do Encontro de Dirigentes Sindicais da Fetessesc em 2016. (Da esquerda para direita: Jânio Silva, Antônia Gab e Cleber Cândido)

A diretora do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Itajaí (SEESSI) Alexsandra Niehues, também fala que é fundamental a presença da feminina nos sindicatos: “Quando há a participação da mulher no movimento sindical é muito bom, pois facilita o diálogo com as mulheres da categoria. Muitas têm vergonha de abordar uma figura masculina e expor o que pensa ou relatar problemas que ocorrem nas empresas”. Foi a vontade de conquistar melhores condições de trabalho que fez a técnica em enfermagem, há dois anos, começar a participar das atividades sindicais em Itajaí. O  Anuário da Mulher Brasileira mostra que no começo da século XXI, cerca de 499 sindicatos brasileiros possuíam participação feminina em suas diretorias.

g2

De acordo com o artigo ‘Mulheres no Movimento Sindical: O Avesso da História’, a mulher participa do movimento sindical desde do ínicio do século XX: “registros têm apontado a presença das mulheres têxteis desde as greves de 1907 em São Paulo Jundiaí impondo a inclusão, na pauta de reivindicações, de demandas prioritárias para as trabalhadoras, como o aumento dos salários, melhores condições de trabalho, melhor tratamento nas relações de trabalho, redução das horas de trabalho de 13 horas para 8 horas e proibição do trabalho infantil”.

A origem do Dia Internacional da Mulher surgiu para simbolizar as lutas femininas por melhores condições de trabalho no final século XIX, época que ocorre a incorporação da mão-de-obra feminina, em massa, na indústria.

Nos dias de hoje as mulheres sindicais também contam histórias de resistência no combate às más condições de trabalho e na luta por pautas que valorizem a categoria. Os momentos em que o trabalhador decide aderir a uma greve dentro de uma unidade de saúde é sempre difícil e marcante para os profissionais e para o sindicato. Esses momentos marcam a trajetória das mulheres do movimento sindicais, como afirma a técnica administrativa do Hospital de Araranguá e membro da diretoria suplente da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina (Fetessesc), Miraci Péres: “Tive vários momentos, que pra mim seriam históricos, mas dentre tantos irei relatar dois momentos que me marcaram pra vida: A greve de 2013, e a mais recente agora em 2016, no Hospital Regional de Araranguá”.

vilmar

Vilmair Weirich participa de Seminário sobre Assédio Moral organizado pelo Sitessch em 2016.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Chapecó e Região (SITESSCH), Vilmair Weirich, também considera as greves que participou marcaram. “Um momento marcante para mim, foi a greve de 2013 em Chapecó e Concórdia, onde os  trabalhadores decidiram em assembléia geral que iriam parar. Foram 16 dias de greve. Foi a primeira grande greve que participei. Dormíamos em barracas, e organizávamos a alimentação e a segurança no acampamento”.

 Miraci durante o Encontro de Dirigentes Sindicais da Fetessesc em 2015.


Miraci durante o Encontro de Dirigentes Sindicais da Fetessesc em 2015.

Atualmente, os dados do DIEESE mostram que no setor da saúde, educação e serviços sociais as mulheres também são a maioria de sindicalizados no Brasil. Dados de 2009 exibem que enquanto os homens são 23,9% dos sindicalizados, as mulheres são 76,1%. Muitas mulheres, mesmo não participando ativamente dos sindicatos atuam dentro de seus locais de trabalho defendendo os seus direitos e de seus colegas, como relata a sindicalista Miraci Péres, quem em 2013 tornou-se diretora do SindiSaúde de Criciúma: “A convite da direção do sindicato integrei o Sindisaúde de Criciúma e Região. Sempre me posicionei a favor do trabalhador, daí veio a chance de exercer melhor esse trabalho”, explica Miraci.

g3

Entretanto o número expressivo de mulheres sindicalizadas não garante a participação efetiva das mulheres como protagonistas nos movimentos, a sindicalista Vilmair Weirich avalia que ainda é preciso que as mulheres sejam respeitadas nos locais de trabalho e nas entidades sindicais. “Estamos distantes de uma participação em massa das mulheres, pois o machismo, e a falta de conhecimento ainda perpetuam o mundo das trabalhadoras. Precisamos evoluir para que haja o empoderamento de mulheres, na luta e conquistas de seus direitos, em suas famílias e na base que representam”, explica Vilmair.

As mulheres do movimento sindical na área da saúde em Santa Catarina

 Presidentes de Sindicatos catarinenses em Brasília, no 2º Congresso Eleitoral da CNTS (Da esquerda para a direita: Maria Salete, Denise Matos, Eliane de Carli e Leodália de Souza)

Presidentes de Sindicatos catarinenses no 2º Congresso Eleitoral da CNTS, em Brasília. (Da esquerda para a direita: Maria Salete, Denise Matos, Eliane de Carli e Leodália de Souza)

Em Santa Catarina, dos 12 sindicatos dos trabalhadores de serviços de saúde, oito são conduzidos por mulheres. São eles Chapecó, Mafra, Joaçaba, Florianópolis, Concórdia, Lages, Caçador e Tubarão. A presidente do sindicato de Concórdia, Eliane de Carli, afirma que a participação da mulher no movimento sindical na área da saúde é essencial: “Na nossa área, onde a maioria de trabalhadores é de mulheres, é muito importante que haja a presença feminina em peso, nos sindicatos, para representar sua base”. A direção do sindicato presidido por Eliane é todo composto por mulheres.

Em Caçador, Leodália de Souza,preside o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de Caçador e Região, onde dos 24 diretores, 22 são mulheres. Leodália também é diretora da Fetessesc, e observa que a cada dia a mulher vem ocupando mais espaços no movimento sindical e no mercado de trabalho. Ela acredita que a força da mulher é de suma importância na atuação do sindicato. “A mulher precisa participar do movimento sindical. No dia a dia, nos trabalhos do sindicato percebo que a mulher se comunica melhor com a categoria, que na saúde é de maioria feminina”, explica Leodália.

Apesar de perceber que a mulher vem participando do movimento sindical cada vez mais, a diretora da Fetessesc na pasta de assuntos de gêneros, raça, diversidade e juventude e presidente do Sindicato de Tubarão, Denise Matos, afirma que a mulher precisa ocupar ainda mais os espaços de disputa no movimento sindical. “Ainda há muitas barreiras que impedem a participação mais expressiva da mulher nos movimentos, mas é fundamental que a mulher participe”.

Atualmente a Federação possui 14 mulheres em sua diretoria, isso representa 50% de participação feminina na entidade que luta ao lado dos sindicatos e dos trabalhadores de serviços de saúde do estado. A vice-presidente da Fetessesc e diretora da pasta de gênero, raça, juventude e LGBT da CNTS, Maria Salete Cross, acredita que a mulher precisa ter coragem e se fazer presente nas entidades representativas dos trabalhadores em todas as esferas. “São nesses lugares que elas poderão lutar pela ampliação de seus direitos e pela igualdade de gênero no mercado de trabalho, porque muitos membros da sociedade ainda não percebem a pesada carga de trabalho que a mulher está submetida”, conclui Maria Salete Cross.

A diretoria da Fetessesc reconhece e parabeniza o trabalho significativo que as mulheres sindicalistas de todas as categorias, e especialmente da categoria da saúde, realizam em suas bases, com persistência, dedicação e muita luta.

 

 

 

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *