“Os trabalhadores estão no limite do que é humanamente possível. A situação é inaceitável, compromete a saúde de quem trabalha e inclusive coloca em risco a população. Há medidas simples que podem ser tomadas para contingenciar essa demanda, mas o que parece é que a direção do hospital e a secretaria querem deixar o caos se instalar e obrigar os trabalhadores a paralisar”, explica a diretora do SindSaúde/SC Marilza Martins. Se nenhuma medida for tomada, uma assembleia marcada para as 16h desta quinta-feira (19/1) poderá deliberar pela paralisação total e imediata do serviço na emergência do Hospital Governador Celso Ramos em Florianópolis.
Segundo Marilza, essa omissão por parte da direção e da Secretaria poderia ser proposital, e relaciona o fato à declaração do novo secretário da saúde Vicente Caropreso que afirmou pretender criar uma empresa para gerenciar os hospitais. “Deixam a situação ficar calamitosa e aparecem com essa solução. Como se uma empresa fosse resolver alguma coisa. Pelo contrário, onde as empresas ou Organizações Sociais entram, o serviço piora. É o que temos visto. Inclusive, normalmente a porta de emergência é fechada. Só os 100% públicos permanecem abertos à população em geral e é por isso que não abrimos mão do serviço 100% público, com contratação de servidores públicos”, conclui.
Desde o começo da semana passada, a emergência do Hospital Governador Celso Ramos está superlotada. A quantidade de atendimentos realizados nos últimos dias tem passado de 600 a cada 24 horas. Trabalhadores/as esgotadas/os por conta da sobrecarga de trabalho exigiram providências da direção do hospital, alertando para o risco de adoecimento que estão passando, e o risco à população, já que é praticamente impossível, dadas as condições, garantir a qualidade do atendimento prestado.
Na última terça-feira (17/1), o SindSaúde/SC (anexo) entregou documento à direção da Unidade exigindo que providências fossem tomadas para contingenciar a crise instalada na emergência, agravada pelo novo aumento de demanda gerado com a greve nas unidades municipais. Estipulou-se o prazo de 48h para que a direção se manifestasse sobre a possibilidade de realocar provisoriamente profissionais de outras áreas do hospital na emergência, de escalar uma equipe especificamente para fazer o transporte dos pacientes que precisam ser deslocados da emergência para outras áreas do hospital – para fazer exames, cirurgias, ser internados, etc. – , entre outras medidas
Ao receber novamente trabalhadores e direção do Sindicato na manhã desta quinta-feira (19/1), o diretor do Hospital Márcio Pereira Wendhausen não se comprometeu com medidas para amenizar a sobrecarga na emergência e chegou a recomendar que os trabalhadores fossem pedir o “fim da greve dos servidores do município” como possível solução para o problema. Diante da indisposição da direção e, até o momento, da falta de respostas da Secretaria, uma assembleia marcada para as 16h da tarde de hoje pode deliberar pela paralisação imediata do atendimento de emergência na unidade.